sábado, 25 de julho de 2009

Berros e Sussurros

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Certa vez me perguntaram qual o motivo de não possuir a companhia de nenhuma mulher que eu pudesse chamar de minha.
Respondi que não era escravo de minhas opções, mas sim de meu desejo.
Desejo esse que me atormenta sempre que lhe vejo.
Teu olhar penetra fundo, fazendo com que minha alma não se importe mais em exalar mistérios.
Teus pés, próximos ao meu colo, me fazem sentir uma vontade incontrolável de tocá-los, de fazer com que teus lábios sejam devorados pelo seu próprio êxtase.
Minhas mãos a tocam, me fazendo pensar que não posso cumprir a promessa que me fiz, minutos antes de encontrá-la.
Não dá, ao menos não neste momento.
A palma de minha mão a acaricia, se aproximando cada vez mais da essência de teu corpo, e teus olhos fazem o possível para fixarem-se em mim, sem sucesso, pois sabem que até eles, naquele momento, perdem o controle sob suas reações.
O perigo nos avisa, grita em nossos ouvidos. Nós escutamos tudo, inertes, ignorantes, decididos.
A certeza do desejo aumenta cada vez mais e nossos corpos decidem que não mais ficarão separados.
Eu a levanto, ergo-a a uma altura em que possa imaginá-la como um anjo, com asas que a fazem ficar leve como uma pluma, por abanarem-se no momento exato.
Neste momento, você é minha.
Meu corpo adquiri uma nova vida, com novos sentimentos, vivendo, temporariamente, em um novo mundo.
Um mundo onde o medo, o receio e as amarras da realidade não se fazem tão poderosos.
O brilho pesado e de incriminador que antes ofuscava minhas vistas já não existe.
Sua mão já não o indica mais pra mim.
Você decidiu entregar-se por inteira.
Minha boca decide sentir o teu gosto, fazendo com que você sinta sua consciência berrando, mas em um misto de prazer e alerta.

Você se consome por saber que quer fugir dali, desejando ficar pra sempre.
Não somos mais donos de nada.
Sentindo-nos livres, perdemos o controle.
Somos, agora, apenas reféns.



Carter.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Palavras lançadas

Não sei o que acontece comigo às vezes. A questão que mais me assusta é não descobrir o que é e, no final da minha vida, essa resposta se apresentar a mim, dizendo que estava logo aqui, debaixo do meu nariz. Eu quero as pessoas ao meu lado, mas pareço não me importar em lutar por elas. Ao menos não explicitamente, como deveria. Elas reclamam, me xingam, me dizem importantes verdades e voltam dizendo que não conseguem ficar com raiva de mim por muito tempo.
E eu demonstro. Eu sei que sim. Mas do meu jeito, o que parece não ser o bastante. Eu as respeito, eu as prezo, eu as admiro muito. Mas pensando bem, o meu erro pode estar em manter isso pra mim. Quando se sente tantas coisas boas por alguém, o significado de cada sentimento não é totalmente visto por nós, que sentimos, mas sim pelas pessoas para as quais os demonstramos, entende?
Não há motivo pra guardá-los conosco. Eles não existiriam se não tivessem como único objetivo serem complicados. É, pode ser esse o meu erro sim. Engraçado como eu não sinto tanta falta desse compartilhamento. Talvez porque não sou eu quem deva sentir essa sensação, mas sim as mesmas pessoas que compartilham comigo seus sentimentos.
Eu errei. Errei por muito tempo com muitas pessoas que poderiam ter marcado ainda mais minha vida. Outra coisa engraçada me vem agora à cabeça. Como percebemos isso apenas depois de perder cada indivíduo que estava ao nosso lado, como as nuvens que sempre acompanham, estáticas e belamente inspiradoras, o sol. E mesmo havendo aqueles dias em que não conseguimos enxergá-las, temos a certeza de que, mais cedo ou mais tarde, elas voltarão.
Ficar sem escrever não foi bom. Aqui encontro uma pessoa que eu sei que vai me ouvir e vai conseguir me dizer o que tenho que fazer. Mas talvez eu deva escrever não para mim mesmo ou para pessoas as quais ainda estou conhecendo, mas sim para aquelas que mostram diariamente que torcem e gostam do que eu sou. Talvez algumas cartas representem a vontade que tenho de mudar, não é?
Em um lugar assim, onde as pessoas possuem almas tão fragmentadas e instáveis, as palavras podem representar uma metamorfose em formas de agir e pensar, pois todos sabem que, quando tudo isso acabar, nós perceberemos que só podíamos contar uns com os outros ao longo de todo esse tempo. Ou vai dizer que você não balançou a cabeça positivamente quando leu o trecho em que digo que nós só percebemos o valor de algo quando nos deparamos com sua perda?
Pense nisso. Eu o fiz.
Grande abraço. Carter.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Acaso ou Presságio?

*

O que tudo isso é? De onde tudo veio e para onde vai? Isso realmente era pra acontecer comigo? Mas qual o motivo?

Perguntas como essas intrigam a mente daqueles que pedem um tempo da frenética e necessária vida em sociedade para poder entrar nas edificações, vias e becos encontrados na existência humana.

Existem aqueles que apostam todas as suas fichas na idéia de que tudo existe por um motivo, por um propósito, como se um arquiteto houvesse projetado cada movimento desse complexo e instigante espaço chamado universo. Há também os que acreditam que trata-se da famosa coinscidência. Aquela que diz que tudo não passa de acaso, pois a mensagem que você encontrou ali poderia ter sido encontrada por qualquer um e só caiu nas suas mãos porque você estáva no momento certo e no lugar certo.

Aristóteles, Sócrates, Platão, Demócrito. São deles os argumentos que rebatem essa segunda opção. Para eles, aceitar que tudo acontece sem um motivo em especial é querer dizer que a vida existe apenas porque não poderia ser diferente. Isso é vago. A sede que tinham de conhecimento não era explicada apenas com um gole de água salgada como essa explicação metaforicamente pode ser encarada.

Somos regidos por uma divindade ou por povos de outras galáxias? Somos experimentos realizados por eles ou criações divinas de algo ou alguém que realmente tem esse dom?

O fato é que, mesmo sendo experiências ou divindades, temos nosso próprio dom em mãos: o dom de questionar tudo isso, pois como já dizia um grande pensador da história "aquele que não questiona a vida não é digno de vivê-la".

A arte de pensar já foi mais trabalhada. Na época dos pensadores supracitados, toda atitude era pensada para que a ordem da "maioria tem sempre razão" não fosse acatada. A maioria pode ter uma opinião que não é a correta. É preciso pensar, usar a imaginação para idealizar situações que nos mostrem como tudo aconteceria caso nossa opinião fosse a verdadeira. O cérebro humano é como qualquer planeta do sistema solar. Explorá-lo por completo pode demorar por muito tempo, isso se realmente conseguirmos um dia. Talvez a única habilidade que necessitamos dele seja essa, a qual essas palavras se referem nesse momento.

A sociedade precisa reavaliar seus conceitos, parar de andar no piloto automático. Vários seres humanos já provaram que podem ser surpreendentes sem que isso seja algo catastrófico. Todos eles sabiam da força da única arma que realmente temos a capacidade de controlar e só não o fazemos por conta de vícios que vêm consumindo a humanidade aos poucos.

Acordar todas as manhãs e questionar tudo que lhe aconteceu no dia anterior tentando entender tudo que irá acontecer a partir dali é perceber que podemos não ter todas as respostas, mas podemos sim encontrar algumas, e uma delas já nos dá uma certeza que por si só tem uma força enorme quando assimilada por completo: a de que só podemos contar e acreditar uns nos outros.

domingo, 5 de abril de 2009

Como se usa um escafandro?

(Fim de tarde, em algum lugar do hemisfério sul)
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- Hey George, cheguei!
- Olá Ann, como foi o dia?
- É, tudo correu como o esperado. É o que a rotina costuma fazer (risos).
- Imagino. Ah, olha só, loquei um filme pra assistirmos. Me acompanha?
- Claro amor, deixe-me só tirar esse cheiro de escritório do corpo e já venho. Me espera?
- Claro Ann. Mas não durma na banheira, ok?
- (risos) Ok, vou tentar...
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(Algum tempo depois)
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- Prontinho, tentei ser rápida e penso que consegui. O filme é de quê?
- Me disseram que é um tipo de drama. Recebi boas recomendações dele.
- Ok, então aperte o play logo!
- Não não, a pipoca tem que fazer parte do show. Espera só um pouquinho amor.
- Disse tudo, vai lá.
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(...)
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- Prontinho Ann, podemos começar.
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(algumas horas depois)
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- Hum, forte o tema. Não sei, não gosto de violência. Acho que não gostei tanto desse filme George.
- É, também fiquei meio perturbardo. Mas as cenas das mortes ficaram muito realistas, você viu?
- Sim sim amor, realmente, são o ponto forte desse filme.
- Nossa, são sim. Quando o rapaz prende a moça no arame e... Hum, amor, sei que não faço muito isso, mas comecei a pensar em uma coisa. Você percebeu que ficamos de alguma forma fascinados com as mortes em todos os filmes desse tipo que assistimos?
- Hum? Ah George, sei lá. Acho que é valido quando se trata de ficção. E é por isso que muitas pessoas ganham dinheiro. Elas sabem que não vamos levar isso tão a sério a ponto de sentir repulsa.
- É, pode ser. Mas é estranho. Quando paro pra pensar, vejo que o ser humano tem uma atração pelo mórbido. Me dá calafrios dizer isso, mas acho que todos temos um lado sádico escondido.
- Nossa George, mas eu, por exemplo, não consigo matar uma barata sequer! Não me inclua nessa sua generalização, por favor.
- Não me entenda mal Ann. Acho que estou viajando demais. É que depois de pensar um pouco, eu fico na dúvida se existe essa barreira separando ficção e realidade.
- Hum? Não entendi...explique-se melhor.
- Ok, vejamos bem. Nesse filme, por exemplo, estávamos torcendo pela mocinha o tempo inteiro. Para que ela matasse o vilão e conseguisse sobreviver, não é?
- Sim sim, e daí?
- Ann, eu lhe pergunto, como você diz que não levamos tão a sério o que nos é apresentado se, enquanto o filme passa, participamos ativamente, torcendo para que ela o mate? E se isso acontece? Qual a diferença disso para o que aconteceria se fosse o contrário? Da mesma forma, não se trata de um pensamento sádico? Não se trata de querer ver a morte na tela da tv?
- Nossa George, me senti culpada agora.
- É, me senti assim também.
- Amor, talvez com o tempo, a humanidade tenha se acostumado tanto a ver coisas assim acontecerem, que a ficção acabou sendo incorporada pela realidade, o que a faz ser mais uma rotina na vida das pessoas. O que me assusta é o tema.
- Realmente Ann. Uma metáfora para isso é, por exemplo, um acidente de carro. Já percebeu como as pessoas se dirigem rapidamente até o local para ver o resultado daquele acontecimento? Muitas até torcem para ver algo mais forte. É impressionante.
- O ser humano é complexo. Em casos como esse, chega a ser patético.
- É, é verdade. É um ser vivo de extremos. Criamos coisas maravilhosas e proporcionamos momentos intensos. E promovemos também os piores sentimentos possíveis, através das piores maneiras existentes.
- Interessante conversar sobre isso. Fazia tempo que não guiava meus pensamentos assim.
- Realmente Ann. Acho que a filosofia me ajudou um pouco, mas todos têm capacidade de fazer isso. Basta querer. A verdade é que a sociedade se acomodou.
- Talvez a rotina a forçou a se acomodar. Mas uma coisa não entendi amor. Te disseram que se tratava de um drama? Para mim, é um filme gore, não?
- É, estranho isso. Mas acho que quando me disseram, se referiam ao buraco que a sociedade está cavando para si mesma. Penso que pode ser seu túmulo (risos).
- É, é verdade...
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(barulho de tiros do lado de fora)
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- O que é isso amor?
- Tiros Ann, vamos ver se alguém se feriu!
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(Janela aberta, olhares curiosos)
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- Acho que não foram nessa rua...
- É, parece que não. Bom amor, quer que eu lave a louça?
- Seria ótimo amor. Enquanto isso, vou ver o que tá passando na tv.
- Ok Ann.

domingo, 29 de março de 2009

Lavando o rosto, enxugando a alma...

" Hoje acordei um pouco incomodado. São coisas que... não sei, não me fazem bem, entende?
Quando fui pegar um copo de leite, vi que havia deixado algumas folhas em branco espalhadas sobre mesa. Eu havia tentando escrever antes de dormir, mas acabei não conseguindo. Acho que ainda não estava incomodado o bastante.
Minha vida está normal. Não ache que é por querer reclamar dela que estou aqui, te escrevendo. Minha vontade é apenas de me expressar um pouco. Torcer para que você leia, para que me entenda ou até para que discorde comigo. Apenas me faz bem ouvir ou ler idéias bem construídas um pouco. Estou torcendo para que elas cheguem até mim.
Sabe, ontem estava assistindo televisão com algumas pessoas da minha família. Em certo momento, comecei a observá-las. Estavam olhando fixamente para a tela. Pareciam obcecados pelo que passava. Obcecados em esperar alguma resposta, algo que os fizesse sorrir. O sorriso veio, e com ele, me veio o peso por ser o único que não tem os pés tão presos ao chão. Sempre fui criticado por ser o único a pensar 'além do limite'.
Eu amo minha família, não me entenda mal. Acho que precisamos dizer isso seja qual for a situação. O amor deve ser compartilhado, incondicionamente, profundamente. Mas minhas costas estão sobrecarregadas. Acho que já se sentiu assim alguma vez. Penso que leva a vida ao menos um pouco como eu, senão, nem me importaria em ouvir sua opinião.
Você sumiu. Sinto sua falta. Talvez esse sentimento ganhe mais peso por você ser a única pessoa a passar pela minha vida deixando algo a mais. Sabia dizer aquilo que me fazia sobrepujar minhas ações, praticando, antes disso, o ato de pensar.
Como você está? O que tem feito? Aonde quer chegar? São perguntas que queria lhe fazer pessoalmente, mas você sabe que nunca fui bom com olhares próximos a mim.
Às vezes penso que quero chegar mais alto do que realmente posso. Ninguém vai me ajudar a conquistar tudo isso, é claro. Eu acredito em Deus, mas acredito mais ainda em mim. É que há momentos em que me sinto impotente. Alguns deles duram mais que o esperado.

Um dia você vai voltar?

Queria poder cumprir a promessa que te fiz um dia. Queria poder sentar ao seu lado, em frente a um lago reluzente, e decifrar o significado de tudo que aconteceu no meu dia. Conversamos tanto sobre isso, por isso tenho certeza de que sente essa vontade também.
Nunca tive a oportunidade, mas obrigado por ter me inspirado tantas vezes. Meus textos ficaram mais ricos depois que você passou pela minha vida.
Desculpa por ter exitado tantas vezes em falar com você. É o único remorso que tenho.
Depois de observar minha família, comecei a pensar mais sobre o que realmente eu quero ser para ela. Um exemplo? Algo a ser seguido por aqueles que possuem o mesmo ou até maior potencial que eu? Seria bom. Você sempre me mostrou que acredita que eu posso ser.
Enfim, posso agora expressar o que sinto. Sinto raiva, alegria, frustração. Todos os sentimentos possíveis estão amarrados em mim, pois sou humano, e como tal, não posso viver sozinho. Tenho que ter ao meu lado pessoas que façam tudo isso valer a pena. Dentre todas as opções que tinha, a que escolhi está lendo essas palavras nesse exato momento.
Continue sendo o elo que me mantém preso a este mundo, pois minha vontade de deixá-lo é muito grande."

segunda-feira, 16 de março de 2009

É apenas um rótulo

Vagando em pensamentos ele vê algo que deve compartilhar com mais alguém. Dá atenção a algo que muitos deixariam de lado por achar que não tem valor, não tem lógica.
Detalhes são míseros pontos de tinta que juntos criam uma obra de arte. Por tanto, são extremamente necessários. Tão necessários que fazem da vida uma dessas obras. Torná-la assim poderia ser tão fácil. Mas se fosse fácil, poderia se tornar comum, como alegria em saber que um salário vai aumentar, na tristeza de saber que não haverá mais como obtê-lo, na certeza de que um dia vamos morrer.
Tornar-se comum não é o caminho. De algum forma, dá pra ser diferente. Assim como Martin Luther King foi, assim como Kennedy poderia ter sido, assim como Sócrates tentou ser. Que seja com atitudes soberbas, que seja com atitudes mínimas. Tornar a vida plausível é chato, é desonesto. Tantas vezes você ouviu falar sobre o sistema e seus erros. Há mais alguém que acredita nisso, essa é a prova. Tantas vezes você tentou fazer suas próprias escolhas, tentou fazer com que elas parecessem um exemplo pra mais alguém, não foi?
E você desistiu...por que? Desistiu por opiniões de terceiros? Penso que não.
Desistiu por ter desistido primeiramente de você.
Acredite, você nunca vai ser tão grande como pensava que poderia. Ninguém é. O que dá pra ser? Diferente. Mas tentar ser diferente num mundo de casualidades é possível?
Poderia ter tentando, não poderia? E daí que um dia fique sozinho. A solidão é apenas mais uma aula chata de matemática que te obrigam a assistir e que dizem ser importante pra sua vida. E eles estão certos. Eles dizem que é na solidão que aprendemos a dar valor no que tínhamos. Até dá pra acreditar quando dizem isso. Mas se tínhamos, por que causar nostalgia quando lembramos que não temos mais? Porque é um outro sentimento necessário. Não se sabe se uma atitude assim realmente muda uma pessoa. E nem é esse o objetivo. Não é preciso mudar. É preciso ser igual, tornando-se diferente da massa. Você tem opnião própria, você fez sua cabeça quando sua mãe lhe deu o primeiro tapa por desrespeitá-la. Você é capaz de fazer jus ao seu nome. Mesmo que pra isso tenha que trocá-lo infinitas vezes.
Você entra em um bar e vê um cara reclamando da esposa enquanto bebe sua 3ª dose de whiskie. Olha pra ele e tenta imaginar o quanto ele está sendo incoerente. Ele poderia estar lá, cuidando dela e tentando fazê-la ver algo de bom nele - você diz. Segundos depois se senta, e começa a beber também. Mas você não tem problemas...ou tem?
Mesmo que você não seja tão aberto quanto o cara do bar, você pode demonstrar o mínimo de emoções para que alguém se importe com você. Ele com certeza saiu aliviado dali. Mas e você?
Enquanto escreve algumas palavras em um pedaço de guardanapo, tenta convencer sua mente a fazer o que acha que é certo. Pensa que acha porque seu corpo parece demonstrar isso, enquanto te faz engolir mais e mais mililitros de cerveja.
Volta pra casa tentando organizar seus pensamentos, que parecem tão surreais quanto essas palavras. Se os ouvissem, não saberiam o que dizer, com certeza. Mas comentários não são necessários. Sua vida já é previsível demais para ter curiosidade em saber quais são.
Apenas acorde no outro dia, vá ao trabalho e volte, para mais uma vez, sentar em seu sofá e tentar achar algum significado numa vida que desde muito antes já havia perdido todos os que vieram de brinde com o seu nascimento. E tudo isso porque você se recusou a tentar entender o significado de tudo à sua volta, fazendo com que palavras como essas soem demasiadamente confusas para aqueles que se parecem com você, para todos aqueles que são previsíveis.




"Apenas comece dizendo algo que faça isso tudo valer a pena ou vá embora."

quarta-feira, 11 de março de 2009

Confissões


É hora de me tornar independente. Com uma frase assim, começo de um jeito diferente mais um dos meus textos. Sempre gostei de participar como narrador da minha própria vida. Sempre que dizia algo sobre mim, o fazia com a ajuda da 3ª pessoa. E vou continuar a fazê-lo. É que às vezes bate uma vontade de falar diretamente com vocês, e acho errado não seguir esse instinto.
Pois bem, voltando ao assunto supracitado, chegou a hora de seguir meu caminho. Durante todo o tempo que estou vivo (o que para muitos pode ser pouco, sendo que o que me importa é a maneira com a qual o aproveitei), pude conhecer várias personalidades distintas, que me fizeram acreditar que o ser humano é sim o ser mais intrigante que existe.
Pessoas que me fazem pensar que não sou só eu que busca algo a mais nessa vida. Pessoas que sabem conversar da maneira que eu sempre conversei. Diziam tudo com um charme a mais, com algo escondido, algo a ser interpretado. Tudo contextualizado de diferentes formas.
A garota que vive em um mundo de fantasias e consegue aliá-lo ao real sem a menor dificuldade, mesmo sabendo que o segundo é o que, por muito, menos a interessa. Tem também a garota que encontra nos sentimentos o combustível necessário para analisar e tomar as rédias da sua vida de uma forma que sempre me admirou ao extremo. E o que falar do garoto que, mediante todas as opiniões contrárias, nunca desistiu do amor impossível que a cada segundo parecia mais real?
São apenas alguns exemplos de como a mente humana pode ser interessante.
Sabendo que minha busca tem potencial, como demonstrado por tais descobertas, vejo que é hora de me desprender daqui. A família é algo a ser preservado, sim. Mas a considero como a base para que um vôo maior seja realizado. É o que eles querem pra mim. Que eu chegue o mais alto possível.
Minha vida será baseada em exemplos como o daquelas 3 pessoas. Acredito que a habilidade que tenho e o prazer que sinto em escrever devem chegar um pouco mais longe. Tenho sonhos ambiciosos, porém, possíveis, e mesmo que não fossem, eu os tornaria. Tudo porque sei que o ser humano é capaz de maravilhas.
Claro que conheço o lado triste da nossa existência. Ainda vou conhecê-lo muito mais. É que pra mim é complicado não acreditar que algo melhor seja possível. Pode ser que um dia eu me encontre numa situação em que a crença em algo melhor seja mínima. Nunca se sabe. Mas eu torço para que nunca aconteça, pois a confiança que tenho em atitudes pequenos porém valiosas é prioridade pra mim.
Alguns buscam essa crença na religião, alguns no trabalho, alguns na própria família. Que seja. Não importa qual é o mecanismo utilizado. O que eu quero encontrar por aí são pessoas que sabem enxergar a beleza por trás da natureza humana.
Vários pensadores da antiguidade já tinham esse prazer, e tentavam ao máximo compartilhá-lo com o restante do mundo. Infelizmente, vários morreram por essa causa.
Talvez se cada um tentasse ganhar sabedoria e utilizá-la em benefício de sua própria existência, a soma de todas essas atitudes resultaria em um bem-estar geral. Mas acho que estou sendo muito otimista. E é exatamente isso que quero ser.
Daqui a alguns dias, receberei uma notícia importante, que pode ser crucial na mudança que pretendo realizar no meu presente.
É o tal impulso tomando conta de mim novamente. Com a ajuda dele, vou montando minha vida.
Impulsivamente eu decidi compartilhar alguns pensamentos com vocês, afinal, acho que outra característica não me caberia senão essa.
Só uma coisa não deixo de fazer. Mas acho que já deixei claro qual é a minha paixão.
Antes de me despedir, gostaria de lhe agradecer pelo selo Gaby. Ótimo poder contar sempre com a sua presença.
Até a próxima.
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Jimmy Carter.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Uma segunda chance, por favor

Uma sociedade de "ismos". É assim que Carter define o que hoje também pode ser definida como "a era do capital". É bem verdade que o dinheiro sempre falou mais alto quando levamos em consideração o desenvolvimento de um povo, mas, a partir do momento em que este começa a falar mais alto também em relação a atitudes importantes para um bom convívio, começa a ser necessária uma análise mais efetiva sobre seu poder sobre o ser humano. O capitalismo foi o único sobrevivente de sua família. É através dele que podemos considerar um país como sendo desenvolvido. Seus benefícios para a humanidade são claros. A questão é: seriam seus prejuízos tão facilmente enxergados por todos?
Analisando seu dia-a-dia, Carter percebe o quanto foram esquecidos os chamados gestos simples que, apesar do nome, possuem um poder de mudança extraordinário. Hoje, é mais válido levar vantagem (em muitas vezes, financeiramente falando) em tudo do que simplesmente deixar de ter um benefício imediato em prol do bem-estar de um próximo. É a famosa "lei de Gerson". Aplicando-se como uma forma de detrimento da sociedade, essa lei prima por colocar o capitalismo em destaque, transformado-o em um tipo de troféu para aqueles que se julgam superiores e que querem o retorno por suposta "classificação social" muitas vezes em forma de cifrões.
Aos poucos Carter entende de onde surgem as tais teorias conspiratórias. Todas as guerras, todos as revoluções tinham um quê de capitalismo encrostado em seus ideais. Generalização extrema? Carter acredita que trata-se apenas de um fruto gerado pela descrença de que um dia fomos ao menos 10% humanos.
Certo dia, ao assistir a uma reportagem na tv, ele ficou sabendo do caso em que, ao ganhar o prêmio de uma loteria, um rapaz havia achado que sua vida melhoraria por completo. E de fato melhorou. Ao menos se levarmos em consideração os bens materiais que ele adquiriu dali pra frente.
De brinde, apareceram milhares de pessoas que se diziam amigas, que diziam importarem-se com ele. Poucos tempo depois, ele aparece assassinado, em casa. A principal suspeita? A mulher com a qual ele havia acabado de se casar.
Claro, quem está de fora pode ter uma clara idéia de que as pessoas que apareceram em sua vida estavam apenas interessadas no dinheiro que acabara de ganhar, tendo sido ele ingênuo demais. Mas tentem analisar o caso tendo em vista o personagem principal da história. Ele era pobre, nunca teve um círculo social que, de acordo com os padrões cultos criados por uma sociedade materialista, pudesse ser chamado de nobre e nunca teve esperanças de tornar-se integrante de algum em toda a sua vida. Certo dia, ele fica rico e vê uma oportunidade de ter todas as suas ambições ali, na palma da mão. O instinto humano é primitivo em ocasiões como essa. O ser humano, ali, se torna previsível demais. Dificilmente ele pararia para pensar. Fazer isso seria perda de tempo para uma pessoa que sempre teve todo o tempo do mundo para lamentar-se.
Digno de culpa? Pelo contrário. O exemplo dado acima por Carter só mostra que o indivíduo é fruto da sociedade que o acolhe. Da mesma forma com que hoje uma garota diz não se interessar por dinheiro e logo depois deixa um rapaz que a amava para viver uma aventura com alguém que pode lhe oferecer todas as mais maravilhosas e fúteis coisas do mundo. Trata-se de instinto. Trata-se do sentimento de aproveitar a vida até a última gota.
É como um rapaz que sonha em ter um carro, em usar as roupas mais caras. Quem nunca sonhou com alguma dessas coisas? - pergunta Carter.
É uma característica que já está cravada na pela e na alma de todos os seres humanos. É o lema de julgar o livro pela capa, ou julgar alguém pelo que ela tem e não pelo que ela é. São conceitos repetidos em desenhos animados, em filmes "lição de moral", mas que estão ali para apenas mostrar que pelo menos a carapuça todos mostram tentar vestir. Eu disse tentar. Querer já é algo totalmente diferente.
Ajudar uma velhinha a atravessar a rua, oferecer um almoço digno para alguém que não pode tê-lo sempre, dar bom dia, boa tarde, boa noite. Atitudes mínimas. Atitudes valiosas que estão perdendo espaço para uma das atitudes mais previsíveis, desprezíveis e humanas que existem: olhar apenas para o próprio umbigo.
A ambição é necessária para quem quer sobreviver. Mas, como mães vivem dizendo aos seus filhos, até água em exagero faz mal. Carter só espera que, quando cairmos na real, percebamos que, apesar de fazer de tudo para afastá-las, ainda teremos pessoas que nos ajudarão a levantar sem esperar nada, absolutamente nada em troca.
...

Carter a agradece pelo tema sugerido, Gaby.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Personalidade Calculista

Se existem provas que confirmem que toda ação tem uma reação, Anne conheceu uma delas na última semana. Parte de uma família invejável, tinha um único defeito. Para poder dizer qual é, se faz necessária a apresentação de outra pessoa. Seu nome é Sam. Sendo a típica garota popular, Sam era o retrato da namorada ideal. Homens a olhavam, babando e torcendo para que ela desse algum sinal que alegasse algum tipo de atração por algum deles. Prima de Anne, nunca poupou esforços para manter sua família unida. Promovia festas, encontros e até quando não havia nada para se fazer, ela inventava. Tudo com o intuito de ver todas as pessoas que ama, ali, reunidas.
Mas essa qualidade era exatamente o fator fundamental para que o defeito citado acima entrasse em cena. Anne sempre teve vontade de ser como Sam. Seu corpo, suas coisas, seus amigos, enfim, tudo parecia se encaixar perfeitamente em sua ambição. Prova de que já havia passado dos limites há algum tempo se encontrava no desejo que ela sentia em fazer as mesmas coisas que Sam fazia com seu namorado, utilizando tais práticas em prol do seu próprio namoro.

A vida não poupava esforços para que essa inveja crescesse. Todos os rapazes com os quais ela se envolvia, se deixavam atrair por Sam, assim que a viam. Por sua vez, Sam sempre deixou bem claro que o seu caráter era o que ela possuía de mais valioso. Mas Anne não via isso com olhos tão bons assim.

Com o tempo, ela consegue mascarar essa característica, tornando-se, aparentemente, uma pessoa melhor. Mais controlada, Anne consegue reunir uma gama de amigos que realmente a curtem. Ao menos, para ela, já era algo a se comemorar, pois tratavam-se de amizades legítimas, pelo menos por parte de todos os tais amigos.

O tempo passa e Sam se enturma, fazendo com que Anne comece a se incomodar com sua presença. Com seu jeito meigo e, ao mesmo tempo, animado, Sam conquista grande parte dos amigos que faziam parte do círculo social de Anne. Claro que isso aconteceu naturalmente, pois Sam nunca fez com que eles se separassem dela. Pelo contrário, participava de todas as farras promovidas juntamente com sua prima. Todos felizes? Não. Aos poucos, Anne ía nutrindo uma raiva doentia, que a qualquer momento poderia vir à tona. Tal perigo acabou transformando-se em realidade.

Em um surto inexplicável, Anne e seu namorado, cujo caráter era extremamente duvidável, se unem, e tomam atitudes baixas para quem se julga tão moral como ela. Inventa histórias sobre a vida de Sam, dizendo que não era possível esperar juízo de uma pessoa que não se leva a sério, saindo e bebendo com os mais variados tipos de pessoas, ficando com vários ao mesmo tempo e abrindo sua vida como se esta fosse um livro. Quem as ouvia? Sua própria família, que começa a se incomodar com tal situação, indo logo em seguida tirar satisfações com Sam. O baque é forte. Sua própria prima? Ela não acredita, mas decide averiguar. Fica sabendo que até para o rapaz com o qual ela estava envolvida Anne contou histórias. Claro que ele não acreditou, tampouco sua família, mas era difícil entender o motivo daquilo. Pelo menos antes que Sam parasse pra pensar e analisasse todo o passado de sua relação com Anne.

Tais atitudes não cessam. Sam vai perdendo a paciência e decide começar a montar um plano para desmascarar Anne na frente de toda a sua família. Infelizmente, o carinho que sentia por ela havia se esgotado. Agora ela jogaria com apenas uma tática: olho por olho. Mas seria beneficiada por um pequeno e importantíssimo detalhe: seus argumentos eram baseados na verdade.

E quais seriam eles? Resumidamente, baseariam-se no caráter de seu namorado, David. Com atitudes que deixariam James Bond envergonhado, David nunca respeitou o namoro que tinha em mãos. Traía descaradamente Anne. Levava mulheres para sua casa, que ficava logo em frente a dela. Houve uma vez em que, ao se despedir de uma de suas amantes, ele fora surpreendido por Anne, chegando para lhe dar um abraço de bom dia e, por questão de segundos, não encontrando a outra. Sam sabia de tudo. Sabia de tudo mas nunca contou porque sempre acreditou que não se deve meter a colher em relacionamentos alheios. Mesmo que pra ela fosse difícil deixar sua prima fazer papel de trouxa por 5 anos.

O plano estava montado. No dia de seu aniversário, Sam convida Anne e David. Com uma extrema cara-de-pau, os dois aparecem, a abraçam e ficam para aproveitar a festa. Festa que seria marcada por apenas um acontecimento. Perto das 23h, Sam se levanta e chama a atenção de todos. Agradecendo a participação, ela diz que precisa falar algo importante, e que colocaria em jogo a relação de duas pessoas ali presentes. Anne sente que a frase é dirigida a ela. Com uma frieza assustadora, Sam diz:

"Sempre fomos companheiras. Acreditei que duraria pra sempre. Confiança não é algo que consigo encontrar em qualquer esquina. Em você eu encontrava. Anne, pra uma pessoa que se julga tão segura, encontrar motivos para tais atitudes que você tomou é muito difícil pra mim. Eu tentei. Tentei esperar pra ver se você se tocava, se abria os olhos. Mas não deu. Você continuou inventando coisas sobre mim e sobre grande parte dos meus amigos, tentando causar discórdia.
Eu só queria saber porque. Mas cansei de esperar você me dar essa resposta. Trouxe aqui alguns registros que comprovam que a pessoa que menos te respeitava não era eu. Peço que não abra agora. Não na frente de todos. Leve pra casa, tire suas conclusões. Não sou uma pessoa vingativa, mas dessa vez você mereceu. Cuide de você antes de cuidar da vida dos outros."

Sentindo a seriedade com que Sam dizia aquelas palavras, Anne poupa a vergonha que sabia que iria sentir e decide fazer o que ela lhe pediu. O público fica em silêncio por um bom tempo, antes de começarem a mudar o clima sério que a festa havia adquirido. É claro que o conteúdo do envelope vai cair na boca de todos daqui a alguns dias. Sam sabe disso. Mas, por enquanto, ela apenas deixa com que a festa acabe, os convidados se retirem e finalmente ela possa se deitar, tendo a certeza de que mesmo sendo algo reprovável, a vingança é um prato que pode ser comido quente, fazendo com que pessoas como Anne queimem a língua que tanto usaram em prol de um sentimento tão mesquinho como aquele que preencheu o seu coração e a sua mente.
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domingo, 25 de janeiro de 2009

Não menos necessária que o amor

Solidão. De acordo com a maioria dos dicionários de língua portuguesa, o significado dessa palavra nada mais é do que "um estado do que está só". Ao definirmos tão friamente algo assim, podemos perder detalhes que deixariam o estudo desse estado um pouco mais interessante que isso. Várias pessoas sentem medo ao se depararem com a solidão cada vez mais presente em suas vidas, principalmente nas daquelas com uma idade um pouco mais avançada. Mas até que ponto podemos dizer que estamos realmente sozinhos? Não seria importante analisarmos a solidão através de um ponto de vista mais intrínseco?
O fato é que Carter sempre a teve como uma característica necessária para a construção do ser que hoje ele é. Quem o acompanha há algum tempo, sabe que ele sempre esteve de mãos dadas com a solidão, que acabou tornando-se uma ferramenta fundamental para a criação de seus textos, para a análise de cada momento de sua vida.
Muitos ainda duvidam que ele gosta de ser assim, sozinho. Talvez não seja questão de gostar ou não, mas sim, uma ironia do destino que o mostra que seu lugar não é só aquele que hoje o hospeda, mas sim, todos os cantos do mundo. Daí a idéia de estar sozinho, tendo a "vantagem" de não sentir que tem algo que o segure, que o prenda. Mas tentar achar o real motivo para isso é querer entender algo que não nasceu para ser entendido.
Na verdade, podemos dizer que Carter tem uma outra visão quanto à solidão. Caso seja tratada como parte de uma personalidade, ela só tende a trazer benefícios a todos que dela souberem usufruir. Nossos pensamentos, nossas idéias, nossos sentimentos só podem ser traduzidos por nós mesmos. E para tanto, é necessário que tenhamos um tempo disponível para a única pessoa que podemos, ou ao menos, devemos confiar inteiramente. Tranque-se no quarto, coloque uma música que te faça relaxar e analise cada minuto referente aos seus últimos dias. Carter dá a todos essa dica. Caso realizem esporadicamente tal atividade, poderiam administrar melhor suas atitudes, suas emoções e, consequentemente, suas vidas. Esse é um exemplo de solidão momentânea que só traz benefícios.
O ser humano tem a capacidade de gerar interesse em todos aqueles que o rodeiam. Carter acredita que, já que isso é verdade, ninguém, de fato, está sozinho por completo. Para todos aqueles que não têm tanta sorte no amor, as amizades podem preencher um vazio já anunciado. Para todos aqueles que nunca foram tão populares, mais cedo ou mais tarde alguém especial aparecerá, dando algum sentido à tão angustiante espera. O elo que liga esses dois casos é exatamente a maneira como cada um trata os momentos de solidão que insistem em preencher os seus dias. Tudo poderia ser muito mais fácil caso todos tirassem um tempo para analisar cada atitude tomada ou que irá ser. Enfim, se cada um desse a mão à solidão, sabendo utilizá-la da maneira correta, talvez a espera por um grande amor ou por um círculo maior de amizade pudesse ter sido menor.
Enquanto escreve essas linhas, Carter está de mãos dadas com sua solidão. E acreditem, isso não significa que ele está triste ou algo parecido. Muito pelo contrário. Seus últimos dias foram de descobertas intensas, e que hoje possuem um imenso valor exatamente por terem sido analisadas em mais um de seus momentos de avaliação intrínseca.
Cada pessoa possui um tipo de solidão. Cada pessoa deve descobrir um jeito de tirar o maior proveito de cada uma. A solidão, ao contrário do que muitos pensam, é algo que deve ser levado a sério, mas sem aquele tom depressivo que muitos insistem em agregar à ela.
Ele também acredita que, talvez, seja em um momento de solidão que você encontrará todas as respostas (ou boa parte delas) para perguntas que antes te atormentavam por escancararem para todos e, principalmente, para você mesmo, os maiores buracos de sua vida, e que só poderiam ser preenchidos caso um dia você acordasse em uma bela manhã de sol e tivesse uma única certeza em mente: a de que você se conhece por completo.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Decepções


Já disse alguma vez que seria capaz de colocar a mão no fogo por alguém? Já teve a sensação de que durante muito tempo confiou em pessoas que jurava de pés juntos serem dignas de tal atitude? Ele o fez. Hoje, se arrepende amargamente. Não que seja algo bom de se fazer. Arrependimento é algo fraco, pois tudo nos ensina algo, nos traz experiência. Mas é que nesse caso, ele não consegue enxergar os motivos que levaram aqueles que se diziam seus amigos a fazer o que fizeram. Depositar confiança em alguém é convidar essa pessoa a fazer parte de um time, de uma irmandade.
Ele gostava muito daquela garota. Por algum tempo, ficaram juntos e impressionaram muitas pessoas com o rápido e fácil apego que adquiriram em pouco mais de duas semanas de namoro.
Seus amigos pareciam respeitá-lo, mas isso era só superficialmente. Ele sentia que algo ali não estava certo. Não perdiam uma oportunidade de mostrar para ele que não o respeitavam.
Encomodando-se com tal atitude, ele até pensa em deixar tudo bem claro, mas exita. Talvez em nome da amizade que pensava ter construído com aqueles caras.
O tempo passa e a relação com aquela garota que havia mexido tanto com a sua vida fica um pouco desgastada. Trata-se de uma fase comum em qualquer relação. Eles decidem deixar rolar.
Tentam novamente se conhecer e até seguem bem em busca desse novo objetivo.
Mas a falta de respeito por parte de seus amigos continua. Fotos são tiradas como se tivessem como missão principal provocá-lo. Seus amigos fazem questão de mostrar que tinham ela ali, do lado deles, juntamente com bebidas e mais bebidas. Ele confiava nela, e ela não dava motivos para que ele desconfiasse.
Certo dia, os dois se encontram, depois de algum tempo tentando a reconciliação, em uma festa promovida por um conhecido. Conversam a noite inteira e ela demonstra que ainda gosta dele. Porém, a todo momento, um de seus amigos tem atitudes que o fazem pensar que a falta de respeito não havia acabado. A bebida toma conta da noite. Ele, que já havia deixado tal "prazer" de lado, apenas observa tudo que estava acontecendo. Como sempre foi bom com percepções, nota que um dos tais amigos realmente havia se esquecido das coisas que foram feitas por ele em prol de seu último namoro, de suas amizades. Sempre do lado dos tais "brothers", procurava sempre a harmonia necessária para que momentos únicos fossem produzidos. Mas dessa vez ele via que tal esforço não havia valido de nada.
A noite passa e ele vai embora, deixando-a ali, com pessoas que mais tarde já não possuiríam sua confiança.
Motivo?
Um dia depois, ela liga para ele, pedindo-o que vá encontrá-la, pois ela tem algo sério a dizer.
Possuindo uma certa noção do que seria, ele vai.
Chegando no local marcado, ela pede para que ele sente bem à sua frente. Olhando em seus olhos, ela diz que havia feito uma besteira na noite passada. Ele pede para que ela seja mais clara.
Ela diz, com soluços que caracterizavam o nervosismo que tomava conta de seu corpo, que havia ficado com um de seus amigos. Ele havia acertado. Embora, de acordo com ela, a bebida tenha ajudado, ele sabe que ela o fez por que quiz. Mas o que o machuca não é nem a participação dela nisso tudo, e sim a concretização do que ele mais temia: não havia respeito naquela amizade. Nunca o respeitaram. E agora isso havia sido comprovado.
Ele decide se afastar. Ela vê que perdeu aleguém que, por ela, sentia um carinho imensurável.
Hoje, ele coloca a mão no fogo por apenas duas pessoas, torcendo para que não apareçam motivos que o façam acreditar que vale mais a pena manter sua mão intacta a ter que encarar verdades que antes pareciam ser apenas remotas possibilidades.